sábado, 12 de março de 2011

SÉRIE DE 4 INTITULADA ' PRÉDIOS '
PRÉDIOS 1
Eles estão plantados em ruas e avenidas
oferecendo seus cantos,seus frutos,
pro fruto do que nós somos.

Nômades selvagens é o que somos
escrevendo a história em passos rápidos,
buscando esconder as próprias pegadas
que denunciam o sangue inocente.
Sacrifício? Desperdício?
Apenas ossos do ofício?
Onde está o valor do que somos
por entre os prédios que plantamos?

" - Mercadores do vício estão ali
pirateando a dignidade,
sucateando nossa humanidade,
se gloriando do que não são.
Transeuntes?
Tantos agindo como um só.
Escravos da maldade
de quem planeja e planta prédios
como bandeira de progresso,
e com sucesso."

Indiferentes ao que escorre
e mancha o chão.

PRÉDIOS 2
Então estamos subindo prédios,
galgando os sonhos do progresso.
Em cada esquina tropeçamos nos rejeitos.
Não adjetivos compostos,mas sujeitos,
que vistos de cima não são suspeitos.

Estamos vivendo o que era futuro
e nesses dias é o subjetivo,é o muro,
que nos impõe o seu domínio:
Horizontal ou vertical,o condomínio
por assegurar segurança,denota fascínio.

Estamos tão distantes uns dos outros.
A quem ousaríamos confiar nossos segredos?
Em quem derramaríamos nossos medos,
livres do medo da traição ou escárneo?

Más,
vamos subindo prédios.
Vistos de cima,
são apenas pontos distantes,
não abortos do que nasceram pra ser...
e não são.

PRÉDIOS 3
A gente só se pergunta
o que foi feito da infância dos outros,
pra esquecer o que foi feito da nossa.
O ladrão é o mesmo.
Quartos,salas e quintais,
vazios de pessoas,não de histórias.
Tristes retratos em nú artístico,
por tudo o que foi feito por nós.

Por entre os dentes de aço do progresso,
escorre o sangue inocente
e gotas ainda quentes e ardentes,
são pisadas como se frias fossem.
E quem se importa
não tem vóz e nem vez.
Adeus antes que eu morra
sem vez e nem vóz.

E os prédios continuam crescendo
sem dizer pra seu ninguém
o que eles serão quando crescerem.
Os prédios continuam crescendo.

PRÉDIOS 4
E ali estávamos nós,
perdidos no espaço um do outro.
Semeando oxigênio,
onde só nasce o vácuo.

Que idéia estranha essa.
Más é isso que é se querer bem.
Coisa própria do amor essa,
roubar de sí pra saciar o outro.

E pra nós nem sequer importa
o que pensa os que só sabem pensar.
Pra nós importa ficarmos juntos e
construir vida um no outro.

E se dentro dessas ruas,
pessoas se mordem como se pessoas não fossem,
os prédios podem sorrir tranquilos:
Fizeram direito seu dever de casa!!

Um comentário:

  1. Nessa selva de pedra que se ergue sobre uma sociedade cheia de gente solitaria ainda que rodeada de conversas alheias, nas sombras de arranhas-céus, concretos, paredes, janelas, vidas proximas contudo distantes, um oceano vazio de vida, ainda que cheio de gente.

    Bom texto P. Marcos! Parabens!
    A. Tadeu

    ResponderExcluir